Wednesday, October 22, 2008

Carol, ou o preço do sal

Hoje estou me sentindo como a personagem principal (Therese) do segundo livro de Patrícia Highsmith: vazia. Resolvi então falar sobre essa história inovadora, gostosa de ler e muito bem escrita. Highsmith por si só merece um post à parte, com a sua prosa seca, perversa, atrevida. Como se isso não bastasse, seu segundo livro tinha um tema tão "assustador" para a época que foi recusado. A solução foi lançá-lo usando um pseudônimo. O que é tão assustador em Carol? Uma história de amor entre mulheres, e um amor com final feliz, o que era incomum para a época (1953). Nossa Highsmith portanto, foi uma das pioneiras a escrever sobre o "delicado" tema.

Therese é uma jovem órfã, cenógrafa, funcionária de uma loja de departamentos em plena época natalina. Presa em sua rotina, a solidão que a cerca é tão profunda que torna a sua vida cinza. Mesmo o namoro com Richard é vazio, protocolar. Tudo em Thereze parece ser cinza, vazio e árido, até o surgimento de Carol.
Estonteante Carol. Loira, linda, aristocrática, aparentemente inacessível. Carol é a cor que Thereze buscava. Mas nem tudo é cor de rosa na vida da própria Carol. Casada com um homem que a trata como uma boneca para ser exibida, a vida rotineira de dona de casa é tão vazia de sentido quanto a de Thereze. Highsmith nos mostra dois pólos opostos: a pobreza e precariedade de Thereze, a riqueza de Carol, e duas vidas vazias de sentido.
A aproximação entre as duas é lenta, mas inexorável. Elas ganham cor juntas, ganham sentido. Thereze decide acordar para a vida, Carol decide se libertar do seu papel de boneca. O amor transforma, une, mesmo com os contratempos pelos quais as duas passam, e acreditem, torcemos até o fim para que o marido malvado de Carol saia de cena e deixe nossas heroínas em paz.
Quer um teco? Não resisti e procurei uma imagem da capa do livro em inglês, olha que lindo. Carol, de Patrícia Higsmith.


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