Tuesday, October 28, 2008

Pequena Sereia e grandes divagações

Sempre me irritou o destino que teve a pequena Sereia na mídia. Deturparam a mensagem principal dessa delicada história, que de infantil não tem nada. Quero falar de amor, achados e perdidos, porque estou romântica, sensível e afiada hoje. Vamos lá.

O conto é de Hans Cristian Andersen (1805-1875), escritor dinamarquês que NÃO chamou sua sereia de Ariel. A pequena Sereia não tem nome, esse Ariel (pelas minhas curiosas pesquisas) surgiu em Shakespeare, num personagem masculino, portanto a Disney te enganou amigo. De uma sensibilidade ímpar, Andersen nos fala sobre o amor nesse conto "infantil". Do amor que uma Sereia desenvolve por um príncipe. Como em todas as histórias de amor, o encanto da Sereia pelo humano foi tão grande que não era suficiente observá-lo ao longe, ela queria mais (pobre Sereia pretensiosa como todos os enamorados).

Para realizar seu amor e se tornar "visível" para o amado, a Sereia vende sua imortalidade e sua voz. Ganha pernas e vai tentar conquistar o princípe. Qual não é sua surpresa e desencanto quando descobre que o princípe já estava enamorado de outra? Além disso, muda, ela não tem como expressar seus afetos (percebem o poder das palavras para os amantes?). Ganhou pernas, mas cada passo dado são com "mil agulhas a perfurar suas pernas". Agruras de Sereia, sofremos em silêncio com ela. Por fim, sem final feliz, a Sereia não pode mais voltar ao que era antes (uma vez marcado por um amor, quem pode?). Voltar para casa ilesa significa eliminar o amado, e ela recusa esse ato. O princípe se casa com outra, a Sereia vira "espuma do mar", protetora dos amantes. Esse é o fim da história que me deixou triste durante semanas quando tinha 12 anos, e ainda me deixa pensativa.

Essa é uma história de rejeição, como lidar com a não realização de um desejo tão grande que transforma sua vida, principalmente seu jeito de olhar para o mundo (diria que te leva para novos mundos). Eu recomendo a Pequena Sereia (o conto) porque ele nos ensina que o amor, embora nos tire do eixo, não precisa ser destrutivo. Ensina que a rejeição faz parte do processo de viver (e também não é uma boa idéia vender sua alma por amor rsrsrsrs).

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